A trolagem é esporte nacional. O bom humor e a descontração que são tão a cara do Brasil viram brincadeira e zoação entre amigos o tempo todo. Começa em casa, entre irmãos, primos e vizinhos, vai pra escola, com os amigos, e segue pela vida adulta. Apelidos de infância são alguns dos primeiros instrumentos desse tipo de brincadeira. Cabeção, Olívia Palito, Baleia, Fumaça. Tudo saudável, divertido e na base da amizade. Será?
Há algum tempo a brincadeira que ultrapassa limites começou a ser levada mais a sério. Ficaram comuns termos como bullying e assédio moral para explicar que ofender o outro, xingar, menosprezar, ridicularizar, criticar de forma grosseira e preconceituosa em razão das diferenças nunca foi apenas uma brincadeira. É discurso de ódio, fruto da intolerância.
E aí chegamos a uma questão ainda mais grave envolvendo esse tema. A intolerância on-line, nas redes sociais. A ameaça, o apelido ofensivo, o xingamento de impulso vão pra redes sociais e ficam lá para sempre à vista de todos. Inclusive daquele recrutador que está com seu currículo, analisando se você tem o perfil que ele procura para determinada vaga.
“Ah! Mas eu tenho de parecer ser outra pessoa nas redes sociais?” Não. Seja você mesmo, mas tenha cuidado. Lembre que sua imagem está ali, exposta nas suas publicações.
Papo reto mesmo. Não dê mole pro discurso de ódio. Não seja essa pessoa. Além de não ser nada educado, civilizado ou respeitoso, você pode acabar cometendo um crime. Racismo, homofobia e ameaça, por exemplo, são crimes relacionados à intolerância. E está cheio deles na internet. Tanto que as redes sociais atualizam seus mecanismos de regulação ano após ano para tentar diminuir a violência on-line. Mas estão quase sempre enxugando gelo.